sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SEX IN THE CITY - NAMPULA

Agora que as coisas ficaram mais tranquilas, vou dividir com vocês o que fiz nesses tempos...Estou virando moçambicana... Eh páh, rs
O momento que vou relatar agora foi o final de semana que passei em Nampula. Nunca dei tanto valor a me expressar com liberdade, que prazer... sem ninguem pra vigiar e perguntar pra onde iriamos... Estava mais feliz que pinto no lixo!
... Bebida, comida, risadas altas... Sem contar aquele clima que só as mulheres conhecem... Todo mundo quer ser Samantha Jones, hahhahaha

Depois fomos pro hotel e tiramos o nosso soninho de beleza, rs... Aquela demora pra todo mundo ficar pronta...

Entao... depois das borralheiras virarem princesas fomos para um pub daqueles de filme da época do apartheid...




Depois fomos procurar um lugar pra dançar, mas não deu muito certo, porque eu estava a passar mal... Fiquei tão mal que fui para o hospital e fiz o pico pra ver se era malária, mas ainda bem que não era...Nao falei com ninguem pra evitar que alguem mobilizasse o Governo Brasileiro pra me resgatar daqui!

Amanhã estou indo pra Nampula novamente, dessa vez com uma amiga moçambicana, Lina... Eu acho que no nome dela falta um D...Não acham?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

MORATÓRIA

     Devo, não nego. Pago quando puder!
   É assim que começo o post de hoje depois de receber um puxão de orelhas de Dani: "Hora de atualizar o blog, gata!".
   Muitas coisas aconteceram desde o último post, quando fiz a homensagem para meu pai. Programei vários temas para postar e, até mesmo, postar situações antigas, mas cadê que o tempo deu? A vida no tronco e no lerê lerê dessa vida de Isaura está um corre-corre imenso e nos intervalos, tenho buscado me divertir...
   Tá, tá, tá, tá... e não poderia postar nesse tempo? Genteimmmm, estou na África, vocês acham que a internet, luz e água funciona todo dia? Já cansei de contar as carreiras que peguei no escuro e os banhos de cuia, rs... Mas estou contente por estar aqui!
  
   Sinto-me em casa, embora conte os dias para estar ai... Chego dia 8 de outubro!!!
   Então, relaxem e pintem!!!

   A pedidos algumas mandalas que pintei quando o tempo ainda permitia, rs...Lu, depois me diga o que achou!
O Sol que há em mim!

O Mar que há em mim!

Mergulhar!


Vibrante!
      E agora, um processo de grande despreendimento - cortar a mandala... Depois, um  processo de revolução e criatividade - brincar com as mandalas e ver o que elas podem formar... Eu amei...

Um ser estranho: galxe (forma mutante do galo que é peixe)
Eu sei que o galxe vai render várias interpretações ... rs, mas tudo bem!
Beija eu!

Moçambicana!
Experimentem!
E só pra lembrar: DEVO, NÃO NEGO. PAGO QUANDO PUDER!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

REGALO PARA MI PAPA

Hoje é aniversário de uma pessoa que eu amo muito... Tá certo que eu amo muitas pessoas, mas essa é bem especial...

Passei o dia lembrando de vários momentos que passamos juntos, das histórias dele e de como ele me ajudou a ser quem eu sou hoje... E, por estar tão longe , decidi fazer uma homenagem... (Eu sei que ele não vai ler, porque não lê nem bula de remédio, mas resolvi partilhar com vocês...)

Com vocês o chamoso, o elegante, o macaco peludo, o Tony Ramos da Bahia - Meu Pai: Dudu.


Meu pai nasceu em Irará e foi tão bem alimentado na barriga de minha avó Eliza que nasceu com 6 quilos. Não preciso nem dizer que minha avó gostava de comer e que estar grávida era a desculpa necessária para que ela devorasse uma galinha, uma jaca e uma jarra de suco como quem toma o chá das cinco...
Desde pequeno, Josaphá (com PH, ele faz questão de dizer) era danado, e, ao contrário de mim, não gostava de estudar. Meu avô e padrinho, João, por ter alguma influência no lugar conseguia convencer as pessoas a deixarem que ele estudasse na escola, mas no mesmo ano, lá estava ele explodindo caixas d'agua e sendo expulso novamente.
Ele não gostava muito que minha avó contasse essas historias, pois quando eu aprontava na escola e ele vinha conversar comigo eu falava "Não vou dedurar ninguem, você gostava quando lhe deduravam?". Era dificil meu pai ter argumentos com a gente... Todo mundo sabia de sua deliquencia juvenil (Sua sorte foi se casar com minha mãe).
Um dia, ele azucrinou tanto minha avó que ela quebrou um prato na cabeça dele... Ele saiu chorando e ela também... Ele disse: "Tá vendo, até você sabe que doeu"...E minha avó, no ápice de sua sensibilidade disse entre lágrimas: "Era o último prato do enxoval!".
Eu poderia passar horas aqui contando das coisas que meu pai aprontou na vida, mas acho que não fica legal pra uma "mocinha" ficar falando com tanto orgulho sobre as atitudes delinquentes do pai (um dia quero ter filhos e é melhor que eles nao saibam que a mãe e o avô aprontavam na escola... nem vou falar sobre meu irmão mais novo, porque se faço isso pensarão que não é uma familia, mas uma formação de quadrilha...)

Preciso confessar que eu sempre nutri um desejo de que meu pai se orgulhasse de mim, por isso eu ficava imitando ele, por isso eu queria ser um menino e não uma menina, por isso eu arrancava a cabeça de todas as bonecas que ele me dava e só queria brincar com os brinquedos de meus irmãos... Senti algo próximo, sem que ele me falasse nada, na minha formatura, quando tão emocionado mal conseguia andar... Tá certo que ele queria que eu fosse advogada, mas acho que nossa relação ficou melhor depois que eu saí da minha perspectiva e passei a entender mais os movimentos dele, sua forma de expressar suas ideias e sentimentos... E isso não veio apenas com a reflexão e desenvolvimento da empatia, mas das pauladas do curso de Psicologia.

Mas vamos mudar de assunto, senão fica parecendo terapia (rs). Vou falar sobre uma época que eu guardo com muito amor... A época em que eu era criança, ele me chamava de minha princesa e me acordava quando chegava do trabalho pra brincar comigo... (minha mãe pirava porque ele sacudia a gente e depois ela que tinha que colocar pra dormir).

Lembro de quando ele chegava do trabalho, eu tirava seus sapatos, deitava-me no chão na mesma posição que ele e, mesmo sem saber falar direto falava: "Vamo papai, titi Dallas"...

Lembro do dia que soltei todos os passarinhos dele e fui dormir às seis da tarde com medo dele me bater (ele só me acordou e disse que não tinha porquê ter medo, mas que o que eu tinha feito era feio e ele tinha perdido dinheiro... eu ainda tive a ousadia de dizer que era feio prender animal... mas acho que eu estava com sorte nesse dia, rs)...

Lembro de como ele ficava feliz quando íamos passar final de semana na fazenda de meu avô Joao e ele observava a gente correndo pelo quintal feliz da vida...

Lembro de quando ele saia de casa, eu perguntava pra onde ele ia e pra provocar ciumes ele falava "Vou ver minha outra filha"...E eu falava com as mãos nas cadeiras "Pode ir, mas não volte. Nem eu nem minha mãe lhe queremos mais..." (mesmo sem ele ter outra filha)...

Lembro do Dia dos Pais na escola e de como eu ficava procurando ele na platéia pra poder cantar mais alto...

Lembro dos meus aniversários e de como eu acordava no desejo do abraço de Feliz Aniversário...

Lembro de quando ele me chamava de Maria Quitéria quando eu questionava as pessoas e de como falava com certo tom de orgulho "Como se parece com Papai" ...

E lembro também do único episodio triste de minha infancia - a morte de meu avô (o pai dele). Fecho os olhos e consigo lembrar perfeitamente como seu abraço era molhado de tanto que choramos... Desejei tanto ajudar, era tudo tão confuso pra mim ... Eu senti tanta saudade de meu avô e dele também... Só depois, como adulta, vim compreender porque ele se afastou de mim (e dos meninos) e nao brincava mais com a gente... A morte foi uma experiencia devastadora pra gente!

Mas vamos falar da vida, pois é ela que eu celebro agora de longe...

Sabe painho, já passamos por varias coisas... Nao precisei estar tão longe pra valorizar sua companhia e expressar meu amor... Os último acontecimentos me fizeram perceber o quanto eu devo aproveitar sua companhia, mesmo que as vezes a gente se enrosque, rs... As vezes falo grosso com o senhor pra ver se você passa a se cuidar mais (que velinho mais teimoso!)... As vezes discutimos por sermos os dois muito defensores de nossas ideias... Hoje compreendo que muito de nossos problemas aconteceram por sermos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes...

Tá certo que a mistura sua e de minha mãe beirou a perfeição, mas foi de você que herdei as brincadeiras, o senso de humor e o chorador raso (mesmo que você faça isso escondido)...E te agradeço por isso, pois isso é muito do que sou...

Hoje sinto uma saudade muito engraçada... Sinto saudade de você me perguntando a mesma coisa mil vezes, repetindo a mesma piada sem graça mil vezes, perguntando "Heim Gueu" mil vezes, chamando para almoçar às 11:15 e ficando agoniado se ninguem quer comer tão cedo, perguntando qual a merenda que tem e até cafangando pela casa se deixo um copinho de nada fora do lugar ou se saio pela noite "Meu Deus do céu Vania, isso é hora dessa menina estar na rua"... Pai, quando você não é chato, até que você é engraçadinho, rs... te amo!

"Eu enfrentaria o mundo com uma mão se você segurasse a outra" Caio Fernando Abreu

Te amo!!! Felicidades hoje e em todos os hojes!!!
É cuide-se, por favor... Não quero puxar suas orelhas quando chegar no Brasil!
De quem te ama muito...
Sua filha...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SER MULHER TEM DESSAS COISAS... (PARTE 2)

Pensei que depois de dormir essa instabilidade menstrual iria passar... Mas que nada! É uma sensibilidade que já me fez oscilar do mais escandaloso riso ao choro mais soluçado...
Ser mulher tem dessas coisas... Todo mês esse estica e puxa de sentimentos...Uma vontade de comer uma barra de chocolate branco com sorvete...hummmm... E essa vontade incontrolável de pegar uma garrafa de vinho, ligar Nina Simone a todo volume e ficar chorando até secar?

E essa lua cheia que desponta no céu pela noite iluminando as árvores secas que buscam vida...Aiii, uma vontade de sair caminhando sem destino. Mergulhar no mar e lá passar a noite... Mas quem pode com o frio? E se tiver tubarão? Baleia tem! Já viram, eu não vi...
Nossa, estou escrevendo o que vem na cabeça... Lembrando de Lu rangendo os dentes quando está Totalmente Pirada e Maluca (TPM) e falando: Hoje eu mato um!



Então... como a cabeça funciona a mil nesse período... Olhei fotos, ouvi músicas e encontrei esse texto abaixo... Acho que ilustra bem o que estou sentindo. Ainda mais depois do sonho que tive... E de ter ido dormir ouvindo Piaf e lembrando de minha Vó Cilú.


Uma mulher que se abre

Quando uma mulher se abre o que há de mais solitário se alarga. Espantalhos de dor se mostram e se decompõem. Flocos de agonia se aproximam. Crescem perdas. Voam conchas.
Uma mulher que se abre é uma mulher mergulhada em anáguas e sendas. Saltando sobre a luz. Deram-lhe lanças e um falso espelho para enganar as feridas.
Quebrada, ela conduz corações ao túmulo. Esperando que uma nova morte traga-lhe nova grinalda e novo véu.
Em surdina, uma mulher que se abre deseja o esquecimento e a maternidade. Quer parir, dormir, trepar. Morte à memória!
– O mundo não corrompe quem habita os subterrâneos.
Disse-lhe um livro com o sol no ventre.
O extravio de uma mulher que se abre é um deslumbre. Uma significação doce e mórbida. Possui a beleza e está carregado de hóstias e sepulturas.
Moças e rapazes, caindo em abismos, sustentam essa mulher aberta. Beijam-lhe o útero exposto.
Afogado em seus cabelos, ela se arqueia na esperança que o amor, quando novamente acontecer, não traga algemas.
Uma mulher que se abre é pedra, cratera, rio, relíquia.
Traz na língua o perdão e suas chamas.


Marize Castro*


Cabanel - O Nascimento da Vênus


 MInha avó já dizia que no período da menstruação a mulher precisa ter mais cuidado! Pois é... Eu nem sou mais uma mulher que se abre. SOU UMA MULHER ABERTA!

Mas tudo bem... Ser mulher tem dessas coisas...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SER MULHER TEM DESSAS COISAS...

Todo mundo que me conhece sabe o quanto sou apaixonada por dois temas: mulheres e crianças.
A paixão é tão grande pelos dois que mal consigo dizer quem é mais amado...

Hoje terminei de ver um documentário lindo - Babies. Eu via parecendo uma boba, rindo e me emocionando com as expressões desses pequenos que encantam todo mundo, independente de sexo ou etnia...Uma vontade que deu de sair viajando coletando essas imagens... Saber o que é ser mãe para elas enquanto o desejo de sentir minha barriga crescendo com alguém dentro não pode ser realizado...

De vez em quando o relogio biológico grita: é hora, é hora, é hora, é hora, é hora, mas a idealização,a racionalização e o JUÍZO falam: fique quietinha, agora não! rs



Mas vamos falar de outro tema agora, já que falar sobre maternidade me deixa mais emocionada que de costume e com o tempo de um mês e 4 dias longe de casa, o colo e sorriso de minha mãe fazem uma falta sem fim... A maternidade cede lugar ao papel de ser filha...

Fechando os olhos posso ouvi-la falando: Gueu, o que você quer comer? Vamos ver um filme? Vem pra cá! Oxe, vou ficar no banheiro com você fazendo o que? Acorda minha princesa,vamos bater perna na rua, rs... Que saudade mais doce!

Sinto-me ainda muito pequena em seu colo com seus carinhos, embora já seja uma "burra velha", como diz meu pai...

...Pausa pra dar uma choradinha e olhar o mar na noite escura...

Retorno para acalmar minha mãe, que a esse momento deve estar preocupada se estou bem ou não... Calma Mamys, está tudo bem! São as oscilações naturais de uma geminiana e da menstruação que se aproxima, rs. Ser mulher tem dessas coisas...

PS: desisti de falar sobre o que eu queria (a mulher moçambicana)...  Reconheci a necessidade de ficar caladinha, queitinha, sentindo-a dentro de mim...



Vontade de voltar a ser desse tamanico, quando até o que eu queria comer era adivinhado...


Logo eu, que não aguentava ver o Hulk se transformando que tirava a roupa também...



É assim, desde pequena inquieta demais...
Bem que meu avô dizia... Eita Dudu, essa menina vai te dar é trabalho!!!

Depois eu prometo contar minhas peripécias: Clube da Luluzinha, A Noite em Nampula e algumas ideias para o Blog...

Um beijo
Gueu