terça-feira, 16 de agosto de 2011

PULSÃO DE VIDA OU DE MORTE?

Quando entrei no avião pensei... Será que as pessoas que morrem em acidentes aéreos recebem sinais de que vão morrer? A primeira pessoa que vi entrar no avião foi João Ubaldo Ribeiro. Segurei a tietagem pra não pedir um autógrafo (até porque já tenho um no livro “Vencecavalo e o Outro Povo”)...

A resposta veio em fração de segundos:

“Me fudi, um imortal no avião!”. Mas logo em seguida entra o mauricinho (gatinho), Padre Fabio de Melo... Pensei: “Estou segura, um homem de Deus”, mas em seguida pensei:
 “Por esse eu virava mula-sem-cabeça”... Ri sozinha e vi que não tinha salvação... Ia ter que acreditar no que meu coração dizia “vai dar tudo certo”...
Chegando em São Paulo, falei com o homem que ia pegar o mesmo vôo que eu... Pedi em clemência “Tomara que seja feio. Afinal, onde se ganha o pão não se morde a salsicha”... ELE enviou um mineiro, mas foi tudo tranquilo. Então, pegamos uma fila do capeta, porque a delegação brasileira de futebol universitário (desconhecida para mim) ia fazer conexão na África do Sul... Confesso que me senti um pouco mais segura. Deus não derrubaria esse avião.
O vôo para África do Sul foi uma coisa de cinema. Tomei o dramim antes da hora e o vôo atrasou, então, quando entrei no avião já estava grogue, caindo de sono pelos cantos...
Além disso, estava tão ansiosa que fazia xixi toda hora (ainda bem que me colocaram no corredor)... Ao meu lado se sentou Juliana, uma mulher de Maputo, que trabalha com emancipação feminina. Como eu fiquei feliz (no primeiro momento) de me sentar ao lado dela. Passou horas (das 11 de vôo) falando sem parar... Pela primeira vez em minha vida eu não era a pessoa a falar pelos cotovelos (e isso é raro).
 Depois do café, bateu um soninho e aí veio o arrependimento de estar sentada ao lado dela... A mulher roncava mais alto que minha mãe (Desculpa a exposição Mamys, mas todo mundo já sabe que você ronca profissionalmente)... Senti uma vontade de chorar e mandar parar o avião que eu queria descer, mas permaneci lá com minha incontinência urinária e resolvi ver filmes... Luciana a esta altura deve estar se perguntando o que eu comi no avião, demorei só pra fazer um suspense (pão com geleia, suco, uma arroz com pimentões e uma coisa que parecia moqueca de frango e uma sobremesa que não comi toda – dura e gelada, parecendo um bolo)...
Chegando na África do Sul, aquela correria. Setecentas e quinhentas e vinte e mil pessoas em conexão e léguas pra andar até encontrar o painel que dizia o portão que pegaríamos o vôo para Nampula. Eu, trêbada de sono, mas Paulo ficou atento, mesmo comprando todo o free shop e fumando feito uma caipora. Eu estava mais tranquila, pois sabia que ele tinha voltado de Orlando (o que não minha cabeça correspondeu à sentença – ele sabe falar inglês... Mas eu estava enganada, sabia tanto quanto eu).
 Fomos para o portão de desembarque e sinto o primeiro incômodo nasal de muitos que já nem conto... Uma nuvem densa de elementos que misturavam amônia de peido, sovaqueira e perfume (Nem Grenoille seria capaz de recriar tal odor). Contei até três, respirei pela boca e fiquei atenta para não dar bandeira... Com o nariz fino que tenho, dar uma bandeira dessas era a primeira de minhas preocupações (e de todo mundo que conhece as caretas que faço quando sinto um fedorzinho se alastrando pelo ambiente)!
O ônibus que nos levou ao avião chegou. Quando entrei senti vontade de urinar. Pensei: “Que não aconteça o desastre que aconteceu com Veríssimo no conto – O que é um peido pra quem está cagado” e segurei firme, respondendo ao mineiro com expressões monossilábicas.
Quando vi o avião pensei: “Fudeu geral, o avião é do tamanho do que levava os Mamonas Assassinas”...
        Mas logo depois veio a calmaria, porque me sentei ao lado de um missionário.  Ufffa, que alívio...!!! PS: Lu, a segunda comida foi um pudim salgado com batatas, frutas e iogurte.
                E assim, mesmo com todo o medo, cheguei ao destino quase final (Nampula – Moçambique) para o episódio que segue...




2 comentários:

  1. Gueu, consegui imaginar todas suas caras e bocas, inclusive tenho certeza que por mais contida que você estivesse tentando evitar o mico de um constrangimento internacional, tenho certeza que você enrugou o nariz e virou pro lado bem devagarinho ao detectar todos os agradáveis aromas locais!
    Te Amo, saudade muita

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  2. Ju,

    Como tem no excelentissimo programa global que passa aos sabados para animar a vida de solteiros ou casados felizes (Programa Zorra Total)...
    Ela me conhece, hahhahahahah

    Amulhi muito!

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